A prática do yoga dos sonhos - Geshe Tenzil Wangnyal Rinpoché




A prática do yoga dos sonhos

A prática do yoga dos sonhos aprofunda a consciência em todas as experiências da vida. Através dela pode-se ter sonhos lúcidos com muitas experiências de aprendizado e resolução de problemas diversos durante a fase do sono.

Esta conferência foi proferida no dia 19 de Fevereiro de 2010 por Geshe Tenzil Wangnyal Rinpoché, trazido ao Brasil pela Associação Brasileira de Cultura Tibetana e Bön Garuda Brasil e marcou um ciclo de atividades no Brasil desse grande erudito e um dos mais renomados mestres Bön-Po da atualidade.

Yogo dos Sonhos - Geshe Tenzil Wangnyal Rinpoché




Yoga dos sonhos

"O estado de sua mente ao cair no sono pode determinar o curso dos seus sonhos... e o curso de sua vida".

Tenzin Wangyal Rinpoche explica a finalidade da antiga prática de Yoga dos Sonhos da tradição budista Bon do Tibete.

Citações de Livros

"Um sonho não compreendido é como uma carta não aberta."
(Talmude)

"Compreende que és um segundo pequeno mundo e que dentro de ti estão o sol, a lua e as estrelas."
(Orígenes)

"(...) quanto mais aptos formos a tornar consciente o que é inconsciente e o que é mito, maior parcela de vida integraremos."
(Jung em: "O pensamento vivo de Jung", Ed Martin Claret)

"Por que deixar uma ferramenta como os sonhos enferrujada? Por que deixar a caixa fechada, quando é um presente que nos foi dado? Um presente com poderes que podem alterar nossas vidas".
(Richard Bach)

"Sem um trabalho voltado para a integração dos sonhos (...) as pessoas não aprendem nada sobre elas mesmas. Assim como temos de nos esforçar no mundo real para transformar uma inspiração criativa em um poema, uma pintura, uma composição musical ou uma obra literária, temos de nos esforçar muito para criar a consciência individual de nossos sonhos para que estes sejam mais do que idéias vagas e passageiras do que há em nosso interior."
(Gayle Delaney em "O livro de ouro dos sonhos", Ed Ediouro)

"Creio que o sonho emprega o máximo de nosso potencial mais precioso: a criatividade. Somos incrivelmente criativos, quando usamos imagens para falar sobre nossa vida. Traduzir uma experiência de vida em imagens visuais, tão consistentemente, tão intensamente... e fazemos isto de modo automático!"
(Montague Ullman em "O Mistério dos sonhos", Ed Record)

"Uma nova perspectiva nas ciências sociais acontece quando um investigador social consegue, de algum modo, ganhar uma perspectiva de fora do sistema que examina. Não é algo fácil de fazer quando estamos acordados e envolvidos no sistema e, provavelmente, apenas um punhado de teóricos sociais tiveram êxito. É algo que fazemos quando adormecidos. E o fazemos sem o menor esforço."
(Montague Ullman em "O Mistério dos sonhos", Ed Record)

"À noite, não somente nos sentimos diferentes da maneira de quando estamos acordados, mas também nos separamos temporariamente do sistema social e temos oportunidade de analisá-lo sob uma perspectiva diferente. Nossas imagens sonhadas são quadros enviados de volta à Terra, oriundos de uma câmara situada em um satélite espacial."
(Montague Ullman em "O Mistério dos sonhos", Ed Record)

"O conhecimento social deve ser tão bem dominado como o conhecimento pessoal, se quisermos avaliar nosso potencial para um senso global de relacionamento conosco e também com os outros. Como seres sociais, transportamos arraigados tipos de ignorância que resistem à identificação, os quais temos dificuldades em extirpar. São estas áreas que têm mais possibilidade de serem visualizadas em sonhos."
(Montague Ullman em "O Mistério dos sonhos", Ed Record)

"Descobrimos que (...) existem meios de voltarmos ao nosso equilíbrio interior. Alguma espécie de ajuda parece estar disponível. Mais importante, começamos a aprender que a ajuda deriva de algo em nosso íntimo, além de nossas manipulações conscientes, algo que constantemente nos envia pistas sobre os problemas de maior significado para nosso crescimento presente e quão profundamente devem ser sondados tais problemas."
(Montague Ullman em "O Mistério dos sonhos", Ed Record)

"Quando permitimos, as metáforas do sonho nos ajudam a objetivar emoções inaceitáveis de maneira a que possam ser discutidas e mesmo ridicularizadas como absurdamente humanas e, assim, contribuírem para a formação de relacionamentos mais afetuosos."
(Montague Ullman em "O Mistério dos sonhos", Ed Record)

"Tudo o que impressiona e ilustra traz em si o cunho da necessidade, porque indubitavelmente provém da fonte eterna da qual dimana a vida; mesmo a pequenina gota de orvalho sobre a pétala da flor brilha fúlgida aos clarões precursores da aurora."
(Irmãos Grimm em: "Contos e Lendas dos Irmãos Grimm", Coleção Completa)

"Todas as formas de interação com o inconsciente que alimentaram nossos ancestrais - sonhos, visão, ritual e experiência religiosa - estão em grande parte perdidas para nós, menosprezadas pela mente moderna como primitivas ou supersticiosas. Assim, cheios de orgulho e arrogância, com profunda crença em nossa razão inabalável, cortamos as nossas origens no inconsciente e nos desligamos da parte mais profunda de nós mesmos."
(Robert A. Johnson em: "INNERWORK: A chave do reino interior", Ed Mercuryo)

"Jung observou que os aborígines da Austrália gastam dois terços do tempo que passam acordados, em alguma forma de trabalho interior. Realizam cerimoniais religiosos, discutem e interpretam seus sonhos, consultam espíritos e ´vagueiam pelos bosques´. Todo esse esforço consistente é devotado à vida interior, ao reino dos sonhos, totens e espíritos - isto é, a fazer contato com o inconsciente. Nós, modernos, mal podemos dispor de algumas horas livres da semana para nos dedicarmos ao mundo interior. É por isso que, apesar de toda a nossa tecnologia, chegamos a saber menos sobre Deus e sobre nossas almas do que os povos aparentemente primitivos."
(Robert A. Johnson em: "INNERWORK: A chave do reino interior", Ed Mercuryo)

"A reputação de equilíbrio psicológico atribuída aos senois vem do seu trabalho com os sonhos, cujo significado os orienta nas decisões relativas à vida tribal. (...) Se uma criança senoi sonha que está sendo atacada, a família a encoraja a voltar ao sonho e enfrentar o agressor. (...) Eles acreditam que ´lutando até a morte´ num sonho, libera-se uma energia positiva da parte da consciência que formou aquelas imagens."
(Soozi Holbeche em: "Como os sonhos podem nos ajudar", Ed Cultrix)

"Um bom exemplo de uma cultura baseada no sonho é a dos senois - uma tribo primitiva que vive na Malásia. (...) Também li o livro ´Creative Dreaming´, de Patrícia Garfield, no qual ela descreve os encontros que teve com eles. (...) disseram-lhe que os senóis viviam em tamanha harmonia uns com os outros, e também com as tribos vizinhas, que nunca se teve notícia de que tenham guerreado."
(Soozi Holbeche em: "Como os sonhos podem nos ajudar", Ed Cultrix)

"Os senoi (...) ensinam as crianças, desde pequenas, a contar seus sonhos. Eles são discutidos e interpretados tanto na família como na tribo. A vida social e o comportamento do grupo baseiam-se nos sonhos."
(Marie-Louise Von Franz em: "O caminho dos sonhos", Ed Cultrix)

"Na China sempre houve intérpretes de sonhos. Mesmo atualmente, nas ruas da China comunista há especialistas a quem se paga por uma interpretação; as que li eram bastante modernas. Esses intérpretes são psicólogos muito bons com intuições acerca dos sonhos que correspondem de perto àquilo que teríamos para dizer."
(Marie-Louise Von Franz em: "O caminho dos sonhos", Ed Cultrix)

"O termo ´fantasia´ deriva da palavra grega ´phantasía´. O sentido original desta palavra é revelador: ela significava ´tornar visível, revelar´. A correlação é clara: a função psicológica de nossa capacidade para a fantasia é tornar visível a dinâmica invisível da psique inconsciente"
(Robert A. Johnson em: "INNERWORK: A chave do reino interior", Ed Mercuryo)

"Se todos agem da mesma maneira, ninguém pensa que está doente. Esta é a razão de os sonhos auxiliarem na terapia, porque uma relação consciente com nossos sonhos liberta-nos da identificação inconsciente com os outros e cria em nós atitudes individuais."
(John A. Sanford em: "Os sonhos e a cura da alma", Ed Paulinas)

"Por ironia, muita gente que hoje rejeita os sonhos como algo sem sentido, sem saber aceita e segue valores espirituais, crenças e tradições que se originam diretamente dos sonhos de indivíduos que viveram há milhares de anos."
(Marie-Louise Von Franz em: "O caminho dos sonhos", Ed Cultrix)

"Devido ao fato de que, com freqüência, reprimimos as melhores partes de nós mesmos e as consideramos como qualidades "negativas", algumas das partes mais ricas do Self - até mesmo a própria voz de Deus - só conseguem participar de nossas vidas ´roubando´ nosso tempo, roubando nossa energia através de compulsões e neuroses, infiltrando-se em nossa vida por lugares desprotegidos, onde falha a nossa defesa."
(Robert A. Johnson em: "INNERWORK: A chave do reino interior", Ed Mercuryo)

O Mundo dos Sonhos

Há uma tendência, bastante generalizada entre os psicanalistas, de que todo sonho tem origem na infância (ou ligações sexuais, como acreditava Freud). Outra corrente defende a idéia de que os sonhos são manifestações noturnas do inconsciente e que, por isso, são impossíveis de serem controlados. Em que pese os avanços tecnológicos e das inúmeras pesquisas e estudos realizados, principalmente nos EUA, acerca do sono e dos sonhos, o fato é que os psicólogos, cientistas e outros estudiosos que seguem a metodologia, os conceitos e as bases e premissas acadêmicas, universalmente aceitas, praticamente nada sabem acerca dos sonhos e do sono. No fundo, o que falta aos homens de ciência é um pouco de humildade e uma visão holística, pois, cada qual possui um fragmento da verdade. Platão dizia que um homem pode se conhecer pelos seus sonhos. Freud reconheceu que nos sonhos residem toda espécie de impulsos, como fome, sede, cobiça, impaciência, temor, paixão, luxúria, etc.. Bismark, o chanceler de ferro, só atacou a Aústria depois de ter sonhado sair vencedor. Descartes formou sua doutrina com elementos decisivos extraídos de seus sonhos. Niels Bohr construiu sua teoria sobre a nuvem atômica a partir de uma série de sonhos. José, no antigo Egito, chegou ao posto de Primeiro Ministro porque soube decifrar o sonho do faraó. Jesus deixou de ser morto por Herodes porque um Anjo avisou, em sonhos, a José para fugir da cidade.- Seriam estes homens sérios o bastante para acreditarmos na verdade dos sonhos? Teria a Bíblia e outros livros sagrados se equivocado sobre a credibilidade e validade dos sonhos? Podem os sonhos serem controlados e dirigidos? É o que pretendemos abordar e desenvolver neste capítulo.

SONHOS E VISÕES

O psicólogo inglês Meyers, no seu livro Personalidade Humana, narra um caso acontecido com um contabilista. Ele havia cometido um erro em sua escrita e por mais que se esforçasse não conseguia localizá-lo. Certa noite, exausto de tanto pesquisar, adormeceu e em sonhos viu onde estava o erro: mês de setembro, página tal, linha tal. Maquinalmente, entre acordado e dormindo, anotou esses dados em uma folha de papel à beira de sua cama. De manhã, quando se levantou, havia esquecido o sonho, porém a anotação estava lá. Indo ao trabalho, e conferindo o registro, percebeu que a anotação estava exata. Jâmblico no seu De Mysteriis Aegyptorum assegurava que os sonhos divinos se produzem num estado intermediário entre o sono e o estado de vigília, durante o qual podemos ouvir vozes e sons. Entre os muçulmanos existe um rito chamado istiqhâra, no qual um homem só vai dormir depois de ter rezado uma prece para ter um sonho capaz de ajudá-lo a resolver um problema. Nos templos gregos e egípcios antigos existiam locais próprios para as pessoas dormirem quando necessitavam ter um sonho revelador. O próprio Jung somente chegou à compreensão da relação existente entre o consciente e o inconsciente mediante um sonho, conforme narrado por ele mesmo na sua autobiografia Memórias, Sonhos, Reflexões.

Incrível é observarmos hoje toda essa herança cultural desprezada pela ciência. Na realidade, esse desprezo é reflexo da atitude da igreja que condenou os sonhos e suas práticas como sendo coisas de hereges, mesmo que o próprio Jesus tenha sido salvo dos soldados de Herodes por causa de um sonho de José. Existe uma diferença muito grande entre sonhos e visões. Os sonhos acontecem quando o corpo dorme e a alma (ou corpo astral) sai do corpo. As visões acontecem mesmo estando nós em estado de vigília. As visões são o funcionamento momentâneo da clarividência. É o tal de sonho acordado. Já os sonhos são a projeção do corpo astral, que todas as noites se despreende do corpo físico e, inconscientemente, perambula pelo Plano Molecular.

TIPOS DE SONHO

Existem pelo menos 5 categorias de sonhos: intelectual, motor, emocional, instintivo e sexual. De um modo geral, todos eles, independente da sua categoria, acontecem de forma incontrolada ou inconsciente. Isso é devido ao nosso estado psicológico atual, de criaturas totalmente adormecidas. Se um homem quiser "programar" ou controlar à vontade seus sonhos terá que deixar de agir mecanicamente quando em estado de vigília. Noutras palavras: quando despertarmos nossa Consciência, deixaremos de sonhar, porque os sonhos são exclusividade das pessoas adormecidas. Como 99% das pessoas são inconscientes, o sonho é o padrão universal e os desdobramentos do corpo astral, a exceção. No estado atual, de adormecimento e inconsciência coletivas, o homem praticamente não pode mais ter visões lúcidas e claras, como acontecia com os antigos sábios e governantes: estes, inclusive, respeitavam profundamente o dom onírico daqueles que serviam nas cortes e palácios. De qualquer maneira, o homem atual ainda sonha. Mas, só para dar uma idéia de como está atrofiada nossa memória onírica, basta dizer que poucos, de manhã, lembram o que sonharam durante a noite. E todo mundo tem sonhos durante a noite, por mais confusos e desconexos que sejam. Quem quiser progredir na ciência dos sonhos deve desenvolver sua memória onírica. Assim, poderá trazer ao consciente tudo aquilo que presenciou, testemunhou, viu, viveu e experimentou durante o sono. A técnica de desenvolvimento da memória onírica está no final deste arcano, nas práticas.

O SIMBOLISMO DOS SONHOS

Muita gente ficou rica escrevendo livros de interpretação dos sonhos. Não queremos entrar no mérito dessa questão. Queremos, isso sim, porque é nossa obrigação, dizer que não existe uma fórmula universal de interpretação de sonhos. A linguagem dos sonhos é muito individual e pessoal. Está intimamente ligada à história de cada um, o que não invalida o princípio de uma linguagem universal. Só que essa linguagem universal não está aberta a qualquer um. É preciso se tornar um Iniciado para conhecer a Linguagem de Ouro, a Linguagem dos Deuses. A principal ferramenta de trabalho para aquele que quer trabalhar com o simbolismo dos sonhos é a intuição. Deve trabalhar intensamente sobre esta faculdade. A intuição sempre age aliada à cultura. Contudo, alguma coisa podemos fazer em favor dos nossos estudantes. Os principais meios de apoio para todo aquele que quiser conhecer profundamente as revelações contidas nos sonhos estão no tarô (especialmente o tarô egípcio), na cabala, nas analogias filosóficas, nas analogias dos contrários, na numerologia, nos símbolos universais, nos livros sagrados,etc..

SONO, MEDITAÇÃO E SONHOS

Existe uma profunda ligação entre o sono, a meditação e os sonhos. O estudante que quiser progredir na ciência da meditação deve aprender a provocar e controlar o sono. Meditação sem sono prejudica o cérebro e não traz resultados. Quando o estudante começa a meditar de forma correta, numa primeira etapa experimenta as realidades ocultas na forma de sonhos. Vêm-lhe à mente muitas imagens confusas, enigmáticas e profundamente simbólicas. Despreparado, não consegue entender. Mas, se for persistente, começará a compreender o que eles (os símbolos) significam em sua vida interior e que papel representam. Numa segunda etapa, o estudante deixará de sonhar. Se dará conta que está fora do corpo físico e então começará a exercer domínio sobre o processo. Quando uma pessoa se dá conta que está no mundo dos sonhos, pode conduzir a experiência. Isso representa um gigantesco passo dado rumo ao despertar da consciência. Muito mais tarde, no tempo, o estudante que persistir em sua disciplina dos sonhos e da meditação, acordará ou andará totalmente desperto nas dimensões sutis da natureza, podendo ali penetrar ou delas sair à vontade. A meditação é fundamental para o desenvolvimento dos chakras. Quanto mais se meditar, quanto mais profunda for a meditação, mais elevados serão os planos de consciência que se atingirá. Dia virá em que o estudante obterá o êxtase, o samadhi, o satori, o desprendimento total da alma ou da consciência de todas as amarras da matéria física, emocional e mental. Então, como São Tomás de Aquino, poderá dizer: "Tudo que antes havia lido, tudo que sabia através dos outros não passava de água de rosas...".


Fonte:

Não informada

Os Sonhos e o Budismo Tibetano

O estado de existência que nos encontramos durante a meditação ou os sonhos é compreendido segundo o budismo tibetano como sendo um Bardo (sânscrito: Antarabava). De acordo com esta tradição, também existem outros Bardos que serão os nossos estados de existência que se darão no período compreendido entre a nossa morte e nosso posterior renascimento.

Ainda segundo esta tradição, a meditação e os sonhos, ambos podem ser utilizados para fim de nos preparar para a morte, para esses nossos futuros estados de existência. Nos preparar porquê? Segundo esta tradição a morte é um processo natural, no entanto, ainda assim, para muitos indivíduos, esta transição de estado é uma situação extremamente amedrontadora e que causa grande sofrimento. Isso porque, tudo aquilo que acumulamos nesta vida, tudo aquilo que até então era importante para nós - nossos familiares, amigos, posses, e especialmente nosso corpo - será perdido com a morte.

O Bardo da meditação e o Bardo dos sonhos são oportunidades que temos para melhor compreendermos a realidade em que estamos, e também, as transições entre estes estados de realidade. Nesse sentido, alguns conceitos tais como o da ilusão sansárica, em que a vida aqui nada mais é do que uma espécie de sonho; ou então, o conceito da impermanência das coisas, de que nada dura muito, que tudo é impermanente, de que os seres através da história, não importando o quão grandes, ricos ou poderosos, sempre se depararam com estas mudanças de estado: nascimento, doença, velhice e morte; etc. são exemplos de conceitos fundamentais para fim de nos encontrarmos mais equilibrados e menos aptos a sermos dominados pelas emoções e pelo sofrimento desta mudança inevitável.

No budismo tibetano uma prática relaciona com os sonhos é mundialmente conhecida como Dream Yoga (yoga dos sonhos). Nesta prática busca-se a lucidez no sonho (a consciência de que o sonho é apenas um sonho). Neste estado, assim como num estado de meditação profunda, os níveis de nossas ondas cerebrais encontram-se em um nível muito baixo, o que nos permite o isolamento do mundo externo, e também de nossas sensações corporais, e um maior contato com as raízes inconscientes de nossas estruturas mentais, muitas das quais geram as conseqüências negativas que vivenciamos no mundo cotidiano. Nesse sentido o yoga dos sonhos é uma técnica de auto-conhecimento, controle, purificação e desenvolvimento mental, e, como falado inicialmente, também uma forma de nos preparamos para as transições de estados existenciais.


Referências:

Rinpoche, Chagdud Tulku. Vida, Morte, Sonhos e Meditação: os Seis Bardos. Disponível em: http://www.dharmanet.com.br/vajrayana/vida.htm

Comunidade do Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=38953272

Yoga Nidra

Segundo os Tantras, “A traqüilidade e a paz vêm de dentro para fora.” Todos deveriam gozar da possibilidade de penetrar o seu subconsciente de maneira a reconhecer as bases estruturais da sua personalidade, podendo resolver seus conflitos e tornar-se uma pessoa mais equilibrada e saudável. Segundo a psicologia moderna e o Yoga existem vários tipos de tensão que provocam doenças, inibições, complexos, ansiedades, gerando sofrimento. Estes sofrimentos, de uma maneira geral, estão ligados às dificuldades de passagem da energia sutil (Prana) pela Sushumna Nadi, nos locais denominados Granthis (nós). Por isto, a necessidade de um processo de conscientização das tensões existentes e seu conseqüente relaxamento.

O Yoga-Nidra é conhecido como método de relaxamento, mas precisa-se dar ênfase ao fato de que ele objetiva o equilíbrio físico, mental e espiritual através do relaxamento profundo consciente. A prática é baseada num rodízio de conscientização em que a mente focaliza as diferentes partes do corpo. Considerando que Yoga é um processo de comunhão, a integração dos conteúdos conscientes e inconscientes determina uma personalidade mais equilibrada e plenamente consciente. O relaxamento consciente alcançado em Yoga-Nidra possibilita observar (como espectador) uma liberação de imagens subconscientes carregadas de emoções e conteúdos que foram reprimidos, Sanskaras.

“Os amados Vedas e Tantras, que a tradição nos legou, bem como os Mantras e as práticas, tornam-se frutíferos se nos são comunicados pelo Guru, e não de outro modo”. (Kularnava-Tantra, Cap. XI)

Estes conteúdos reprimidos são a causa de nossas tensões profundas e da constante inquietude da mente, e interferem em nossos comportamentos na vida diária. Assim que se atinge o relaxamento profundo consciente, esses conteúdos passam a emergir e torna-se importante manter-se como observador, sem se envolver. Através das suas cinco etapas do processo de relaxamento, a saber, pratyahara (abstração dos sentidos), rodízio de conscientização, visualização, dharana e resolução ou propósito, o Yoga-Nidra nos auxilia a harmonizar o consciente e o inconsciente, e a nos libertar das Sanskaras.

“A tranqüilidade e a paz vêm de dentro para fora”. (Tantra Shastras)


Fonte:

Paulo Murilo Rosas. DAKSHINA. Ano I, n° 2. Julho, 2007.
Disponível em: http://www.tantrayoga.com.br/jornal/dakshina_ano1_2.pdf

Yoga dos Sonhos

A Yoga dos Sonhos é uma prática avançada de meditação tântrica do budismo tibetano. Ela é uma das seis yogas compiladas por Naropa em torno de 1016-1100, e depois repassadas ao seu discipulo Marpa.